segunda-feira, 16 de março de 2009

Tudo de Tavito exala a nostalgia de tempos idos - Mauro Ferreira

Parceiro de Zé Rodrix em Casa de Campo, a canção de 1971 que expressou na bela letra a ideologia de paz & amor da geração hippie, Luís Otávio de Melo Carvalho - o Tavito, integrante do grupo Som Imaginário - foi um garoto que amou os Beatles nas esquinas mineiras de Belo Horizonte (MG), cidade onde nasceu e morou até migrar para o Rio de Janeiro (RJ) em 1968.
Essa descoberta do pop e da juventude marcou para sempre sua obra. Sua obra-prima Rua Ramalhete, lançada em seu primeiro LP (Tavito, 1979), já exalava a nostalgia de sua modernidade. Não por acaso, a música fecha o quinto álbum do artista, Tudo, numa versão reloaded que está em sintonia com o espírito saudosista dos tempos idos. As duas melhores músicas do irregular repertório - 1969 (O Beijo do Tempo) e O Dia em que Nasceu Nosso Amor - abrem o CD nesse tom nostálgico que pontua o trabalho. Entre saudação às Geraes (Minas de Encanto, com intervenção vocal da cantora Clarisse Grova) e regravação de Hoje Ainda É Dia de Rock (tema de Zé Rodrix lançado pelo trio Sá, Rodrix & Guarabyra), Tudo reergue a ponte pop que sempre ligou Liverpool a Belo Horizonte. Contudo, Uma Banda em Sampa celebra São Paulo com sonoridade que remete à pueril Jovem Guarda. Há algum lampejo de inspiração melódica em canções como Aquele Beijo e, embora nem tudo soe à altura da produção áurea do artista, o CD é bem-vindo por quebrar o silêncio de Tavito, que se desviou do trilho principal do mercado fonográfico em 1984, muito desiludido com o descaso da gravadora então intitulada CBS com a promoção do compacto que lançara naquele ano. Dessa fase, Tavito não tem a menor nostalgia.

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