sexta-feira, 13 de março de 2009

Tarik de Souza entrevista TAVITO

Após longo recesso, compositor e cantor mineiro Tavito ressurge em CD
Tárik de Souza, Jornal do Brasil

Após um longo recesso fonográfico, o compositor e cantor mineiro Tavito (Luis Otávio de Mello Carvalho) ressurge com o CD Tudo (Tavmusic) e prepara-se para voltar aos shows.
Por que ficou tanto tempo sem discos solo?

- Bem, meu último compacto simples (lembra disso? faz tempo...) foi lançado pela CBS, em 1984, há exatos 25 anos. Tinha duas canções de que gosto muito, Simpatia (Tavito/R.Magno) e A nossa casa (Tavito/Eduardo Souto Neto). Como nenhuma das duas emplacou na mídia, a gravadora se desinteressou por mim, e eu, naturalmente, por ela. Foi quando resolvi partir para pequenos e médios shows por aí, enquanto trabalhava compulsivamente em minha produtora de jingles. Em 1992, por questões particulares, abandonei também os shows. Fiquei 11 anos praticamente sem pegar no violão. Somente em 2003 retornei ao palco, convidado pelo amigo mineiro Affonsinho para uma participação em seu show, em Belo Horizonte, e me surpreendo ao arrancar lágrimas da platéia que superlotava o teatro.

Quais os ingredientes para confeccionar pérolas pop duráveis como Casa no campo (com Zé Rodrix) e Rua Ramalhete (com Ney Azambuja)?

- Essas duas canções tocam bordões universais do ser humano. Todo mundo, sem exceção, experimentou seu primeiro arrepio amoroso na adolescência, sua primeira canção a dois, seus primeiros contatos com o corpo e a alma de alguém. Como também todos querem paz, sossêgo, sensações benfazejas de segurança por meio de seus amigos e objetos de afeto. A Casa no campo simboliza a famosa paz interior tão almejada. E a Rua Ramalhete (que existe mesmo) é apenas um lugar, numa determinada época, onde a intensidade dos hormônios juvenis borbulhava, delicada e indomável.

Como situa seu novo disco dentro da miscigenação da música atual?

- O nome desse CD, Tudo, diz bem o que ele representa. Sou um cara bastante experiente em mudanças filosóficas, técnicas e estéticas na música do mundo nos últimos anos. Escutei e fui formado por absolutamente tudo que há para escutar nesse tempo de confusões e sobressaltos. O que se usa hoje, as fusões, os mixes rítmicos, a pesada percuteria, a eletrônica, fruto de muita tecnologia e alguma criatividade, tem seu sucesso diretamente ligado às condições atuais de percepção da grande massa jovem brasileira, que é diferente, muito diferente de seus pais e avós. A minha proposta de trabalho, hoje, é a de usar as influências e o pensamento de muitos anos de produção musical para cobrir uma demanda que sinto existir entre os jovens: a da fruição de uma música bonita, simples e que dê um recado atual, rigoroso e intransigente sobre escolhas e objetivos, do bem absoluto ao amor irrestrito. Além de espernear com humor contra essa viscosa derrocada ética que nos assola. Acho que é um “pop varejeiro”, ou coisa que o valha.

Jornal do Brasil / RJ
19:03 - 12/03/2009

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