segunda-feira, 5 de abril de 2010

TAVITO conta TUDO ao Penninha


Natural de Belo Horizonte (26 de janeiro de 1948), o cantor e compositor mineiro Tavito (Luís Otávio de Melo Carvalho) começou sua trajetória profissional no princípio da década de 70 na banda Som Imaginário (Zé Rodrix, Robertinho Silva, Wagner Tiso, Luís Alves, Naná Vasconcellos e Fredera). A banda foi criada primeiramente para acompanhar o cantor e compositor Milton Nascimento no show “Milton Nascimento, ah, e o Som Imaginário”. O grupo passou por várias mudanças de formação e lançou três discos. O disco Matança do Porco contou com os vocais de Milton.

Tavito se tornou nacionalmente conhecido pelos seus dois grandes sucessos: Rua Ramalhete (com Ney Azambuja) e Casa no campo (com Zé Rodrix). Ele ganhou seu primeiro violão aos 13 anos. Autodidata, começou a participar de serenatas e festas. Foi companheiro de geração de Milton Nascimento e de outros músicos mineiros, tais como Toninho Horta, Tavinho Moura e Nelson Ângelo. Em 1965 conheceu Vinicius de Morais, que apreciou seu estilo e o convidou a participar de suas apresentações na capital mineira.

Tavito produziu discos de Marcos Valle, Renato Teixeira, Selma Reis e Sá & Guarabyra. Ele ficou sem realizar espetáculos entre 1992 e 2004, época em que se dedicou às composições, aos arranjos e à publicidade. Em 2009 lançou o CD Tudo.

Há um bom tempo ele não vê com bons olhos o mercado musical e a carreira de músico como algo promissor. Tudo isso por conta da banalização da arte musical.

1. TAVITO, GOSTARIA QUE VOCÊ FALASSE UM POUCO SOBRE O CD “TUDO”

O CD tem o nome que deveria ter; ele representa a leitura fiel das várias fases de uma vida meio longa, vivida com muita intensidade e atenção nos aprendizados. Digo no texto inscrito na contracapa que é um exame global de minha trajetória, feito através das lentes por onde eu me via aos vinte anos , em meio aos saltos mortais da juventude. O resultado é que os princípios estão lá – intactos.

2. VOCÊ REGRAVOU “RUA RAMALHETE” MAIS PRA LEMBRAR OS BONS TEMPOS? OU PRA MOSTRAR ÀS NOVAS GERAÇÕES UMA MÚSICA QUE MARCOU ÉPOCA?

Rua Ramalhete é uma canção muito marcada pela temática universal de seus versos. Todos os seres humanos, homens e mulheres, sem exceção, carregam dentro de si sua própria Rua Ramalhete. Vi uma boa oportunidade de me apresentar aos mais jovens fazendo um remix de atualização. Quem não tinha ouvido, agora ouvirá. Fiz a mesma coisa com “Aquele beijo”, outra canção muito significativa em minha vida.

3. SUA MÚSICA MANTÉM UMA RAIZ COMS OS ANOS 70 E AS PARCERIAS COM O ZÉ RODRIX OU VOCÊ JÁ ASSIMILOU AS NOVAS INFLUÊNCIAS?

Sou um cara de mil e uma influências. Isso porque sou publicitário, um confortável plano B profissional. Quem mais me marcou como influência não é quem parece. Sou um produto direto de minha própria avidez musical. No meu show, você ouvirá muito Rock’n Roll, mas também ouvirá baladas, canções, boleros, tangos e até hinos de futebol. Sem tragédias.

4. COMO É O SEU CONTATO COM O PESSOAL DO CLUBE DA ESQUINA?

Somos amigos, sempre. Somos interligados por um grande projeto artístico, talvez o mais rico que esse país atarantado já viu. Modéstia às favas, claro.

5. VOCÊ TEM PARCEIROS AQUI EM MINAS GERAIS? QUAIS OS SEUS PARCEIROS AQUI EM MINAS?

Tenho uma canção a doze mãos com o Bituca e os parceiros do Som Imaginário, chamada “Bolero”, gravada no disco “Matança do Porco”. Afora essa, nunca compus nada com meus amigos do Clube da Esquina. Infelizmente.

6. ATUALMENTE VOCÊ VIVE EM SÃO PAULO... POR ISTO VOCÊ TRABALHA MAIS COM O PESSOAL DAÍ?

Engano. Meus parceiros são de São Paulo, Rio, Recife, Curitiba, Fortaleza, Brasília e BH. Morei em BH 20 anos e no Rio toda a vida. Moro em Sampa apenas há quatro anos.


7. VOCÊ DESENVOLVE ALGUM TRABALHO COM O SONEKKA, DO CLUBE CAIUBI DE COMPOSITORES?

Nós temos alguns sonhos e projetos comuns, sim. Nunca compusemos nada, talvez por eu ser um letrista bissexto, aplicado em minhas próprias composições – e por ele não ser letrista.

08. O QUE VOCÊ ACHA DAS NOVAS TECNOLOGIAS COMO A INTERNET? ELAS AJUDAM A DIVULGAR MAIS OS TRABALHOS DOS ARTISTAS?

Essas novas plataformas de interação são um verdadeiro achado para agilizar contatos e obter resultados setorizados de mídia antes impossíveis de serem obtidos. Mas é necessário cautela, pois existe um forte processo de banalização em curso. Quando você é pouco exigido, sua tendência é o relaxamento estético. Você vê: se os militantes da MGB (Música Grossa Brasileira) já eram pra lá de perniciosos sem a internet, com ela tornaram-se avassaladores.

09. EU TENHO 02 PARCEIROS DE MÚSICA QUE INTERAGEM COMIGO PELA INTERNET... VOCÊ ACHA QUE COMUNIDADES COMO O CLUBE CAIUBÍ VIERAM PRA FICAR E AJUDAM O TRABALHO DOS ARTISTAS E COMPOSITORES?

O Clube Caiubi, brilhante idéia nascida há 8 anos dos miolos privilegiados do Sonekka, do Vlado Lima, da Lis Rodrigues, do Ricardo Soares, do Álvaro Cueva e de alguns mais, é uma das iniciativas mais brilhantes para objetivar e respaldar um núcleo de compositores e suas canções, díspares e desequilibradas entre si, mas construídas dentro de um padrão de honestidade e seriedade raras vezes visto. Com o site de relacionamento, multiplicou geométricamente seu potencial, contando hoje com uns cinco mil associados. Meu querido Zé Rodrix foi quem me apresentou ao movimento – e hoje me considero um deles, na boa.



10. O QUE VOCÊ ACHOU DE SABER QUE A SUA MÚSICA É TOCADA AQUI EM MONTES CLAROS, TERRA DO BETO GUEDES? VOCÊ GOSTARIA DE VIR TOCAR AQUI EM MONTES CLAROS?

Como já disse aí acima, o Beto é meu querido amigo. Fico feliz em ser tocado nas rádios da região. Conheço Montes Claros desde a adolescência, pois fiz parte de uma das hordas de maus estudantes de BH que vinham tirar seu diploma de segundo grau na cidade (economizávamos dois anos de estudo com essa manobra). O Sá, meu parceiro de vida, é casado com uma montes-clarense (é assim que se diz?) e sempre me dá as notícias das montanhas do norte. Se eu gostaria de tocar em Montes Claros? Mas é claro...

MÚSICAS MAIS FAMOSAS

1. A Ilha
2. A Nossa Casa
3. Aquele Beijo
4. Casa no campo
5. Começo, Meio e Fim
6. Cowboy
7. Cravo e Canela
8. Jamais Jamais
9. Longe do Medo
10. Naquele tempo
11. O Rio
12. Pé de vento
13. Reza
14. Rua Ramalhete
15. Simpatia
16. Sou eu
17. Você me Acende (You turn me on)


Entrevista a José Geraldo Mendonça Júnior - Penninha

José Geraldo Mendonça Júnior ou Penninha, como é conhecido literariamente, nasceu em Montes Claros (MG). É economista, poeta e agitador cultural em Minas Gerais.

http://www.onorte.net/noticias.php?id=26877

25/03/2010 - 10h34m

Nenhum comentário:

 
BlogBlogs.Com.Br